domingo, 17 de junho de 2007

NOITE DE REIS EM CAPISTRANO

NOITE DE REIS EM CAPISTRANO
Francisco Artur Pinheiro Alves
Capistrano, 06 DE JANEIRO DE 2006

No dia 06 de Janeiro de 2005, estimulado por este missivista, na condição de Secretário de Cultura de Capistrano, o Mestre Sebastião Chicute se apresentou em frente à prefeitura de Capistrano. Foi tudo improvisado. No entanto aquela apresentação que não ocorria Há anos, e muito menos na praça pública, serviu de estímulo para todos, brincantes, mestre e secretário de cultura. Prometeu-se que em 2006 seria melhor.
Quando do lançamento do Edital de Cultura do BNB, preparamos um projeto que seria assinado pelo próprio mestre Sebastião Chicute. A idéia era garantir um mínimo de autonomia ao grupo e seu mestre. Para surpresa de todos o dinheiro saiu e o grupo foi revigorado com quatro figuras novas: boi, burrinha, pinta e bode, foram comprados os chapéus-de-couro, roupas, paletós, sapatilhas de couro (imitação, e os enfeites das figuras, damas e demais componentes.
A partir daí o grupo levantou a auto estima. Fizeram várias apresentações em fazendas, na praça e em outros municípios. Destas destacamos: A apresentação em Aracoiaba onde recebeu um cachê de R$ 300,00, foi altamente estimulante, depois teve uma apresentação na IMOSTRA DE LITERATURA DE CORDEL em Capistrano, o grupo ganhou um cachê de R$ 200,00 , na seqüência se apresentou em outubro na Semana de História da UECE, onde foi muito bem acolhido por estudantes e professores e participou do natal regional em Ocara, dia 26 de dezembro, obtendo o segundo lugar na classificação geraL, MAS INFELISMENTE NÃO TEVE PRÊMIO.
Daí para frente não parou mais, foram várias apresentações a convite de famílias locais, o que é muito bom.Para finalizar a temporada foi feita a programação para o dia 6 que foi a seguinte.

COMER A LÍNGUA DO BOI: Jantar na casa do mestre Sebastião Chicute oferecido a todos os brincantes e familiares e aos funcionários da Cultura, como convidados especiais. Como é de prache, foi muita comida, os pratos feitos iam nas alturas. A cozinheira foi Luzia Prudêncio Lourenço, mulher do Sebastião. O garçom chefe era o próprio Sebastião, os auxiliares: na cozinha as mulheres dos caboclos e na distribuição, recolhimento dos pratos e serviços gerais, os caboclos mais novos, o delegado, as damas enfim todos se ajudando. De vez em quando, passava uma garrafa da danada e os mais afoitos bibiricavam um gole, Havia os mais modernos que tomavam uma cervejinha. Na sanfona ele, o mais velho do grupo, aquele que ensinou ao Chico Justino, o sanfoneiro Luis Duarte, 84 anos, 70 de batente. Sanfona de 120 baixos, um ciúme danado da sanfona, ninguém pega. Tocou da hora que chegou até a saída para a praça. De vez em quando, tomava um gole para o bico aumentar e ficar com mis coragem.
Eram 19:30, sete meia da noite o mestre falou: “ Vão se vestir, tá na hora, a missa vai já terminar.” Olhou para os presentes e disse; “ temos que respeitar a missa, o reisado não pode começar antes da missa terminar, atrapalha, é a tradição”. Aí os que não iam se vestir, foram descendo. O beco tem uns 80 cm de largura em algumas partes pouco mais que um metro. As figuras saíram do quarto foram colocadas pra fora. Interditou a passagem. Aí houve-se um grito : “menino tira essas figura do meio pro professor passar..” desobstruída a passagem descemos pela frente da casa, um casarão antigo com frente para uma rua e fundos pra outra, com uma carreira de quartos para dormir, agora um dos quartos é do reisado, é a pensão Santa Luzia. As figuras saíram por trás, não passam nos lugares mais estreitos do beco do hotel.
Daí para frente os papangus, as figuras, em fim todo o grupo tomava conta da praça. Naquela noite de dia dos reis, mais uma vez a praça era do povo.

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